Duas novas exposições no CPBD

Estas duas exposições, oriundas do Salão Moura BD, serão inauguradas no próximo sábado, dia 2 de Junho, a partir das 15h30. Se a primeira tem como tema central uma das maiores figuras dos primórdios da nossa História, ou seja, Viriato, o heróico pastor dos Montes Hermínios, a segunda, referente aos “Viajantes de Papel na Lusofonia Gráfica”, aborda a obra de grandes autores que, por razões diversas, tiveram de emigrar, procurando trabalho noutros países, como Eduardo Teixeira Coelho, Vítor Péon e Carlos Roque… alguns deles nascidos nas ilhas adjacentes ou nas antigas colónias ultramarinas portuguesas.

Um conto da Páscoa: “As Três Moedas”

Nota prévia (J.M.) — O conto que se segue, reproduzido do Mundo de Aventuras nºs 340 e 341 (Abril de 198o), foi originalmente publicado, em 1975, num volume da colecção Galo de Ouro, editada pela Portugal Press, de Roussado Pinto. Por esse original, com o título “O Príncipe Olaf”, recebi a quantia de 2.500$00 (o que, na altura, não foi nada mau, pois equivalia a um terço do meu vencimento mensal na Agência Portuguesa de Revistas).

Muitos anos depois, ofereci esse livro a E.T. Coelho, numa das suas últimas visitas a Portugal. O grande artista, homenageado várias vezes pelo Festival da Amadora e pelo Clube Português de Banda Desenhada, gostou deste conto e decidiu adaptá-lo, numa história de BD com 10 páginas que ainda hoje permanece inédita.

No Mundo de Aventuras, que eu então coordenava, as ilustrações foram de outro grande artista, Augusto Trigo, que começou a colaborar no MA em 1980, pouco tempo depois de ter trocado a Guiné, onde nasceu, por Portugal, onde passara parte da sua infância e juventude. A nossa parceria em Banda Desenhada, que ainda dura, começou também nesse memorável ano de 1980. 

 

“Dom Afonso Henriques na Banda Desenhada” – Gicav realiza exposição em Viseu e publica história de E. T. Coelho

Conforme notícia que atempadamente divulgámos, abriu ao público no passado dia 27 de Agosto, em pleno Pavilhão Multiusos da Feira de São Mateus, a exposição intitulada “Dom Afonso Henriques na Banda Desenhada” — uma organização do GICAV (Grupo de Intervenção e Criatividade Artística de Viseu), com o apoio da Câmara Municipal daquela cidade, da Viseu Marca e do IPDJ (Instituto Português do Desporto e Juventude).

Os nossos colegas do BDBD, Luiz Beira e Carlos Rico, estiveram lá, aquando da inauguração, e fizeram para memória futura uma reportagem fotográfica deste evento, que pode (e merece) ser vista no seu blogue: http://bloguedebd.blogspot.pt/2017/09/d-afonso-henriques-na-bd-reportagem.html

Antes da abertura da exposição no Pavilhão Multiusos — segundo informa o BDBD —, teve lugar, mesmo ao lado, num pequeno mas acolhedor auditório, o lançamento do álbum “D. Afonso Henriques – A Balada da Conquista de Lisboa”, narrativa extraída da obra “O Caminho do Oriente”, com texto de Raul Correia e desenhos de E.T. Coelho, cuja capa aqui reproduzimos, com a devida vénia ao BDBD e ao GICAV.

A sessão teve início com um curto mas interessante vídeo, onde o numeroso público presente pôde visionar imagens virtuais da nova Arena de Viseu, um belo espaço completamente apetrechado para receber eventos culturais e despor- tivos, que em breve (crê-se que dentro de um ano) tomará o lugar do Pavilhão Multiusos. A cerimónia teve a participação do Director Executivo da Viseu Marca, Dr. Jorge Sobrado, da Presidente do GICAV, Drª. Filipa Mendes, e de Carlos Almeida, coordenador do GICAV responsável pela área da BD.

Após o lançamento do álbum, seguiu-se a inauguração oficial da exposição, um conjunto de vinte painéis em grande formato, com exemplos de praticamente todas as BD’s onde a figura de D. Afonso Henriques, o Conquistador, foi retratada por desenhadores de várias gerações, entre os quais, além de Eduardo Teixeira Coelho, Artur Correia, Baptista Mendes, Carlos Alberto, Carlos Rico, Eugénio Silva, Filipe Abranches, José Antunes, José Garcês, José Projecto, José Ruy, Pedro Castro, Pedro Massano, Santos Costa e Vítor Péon.

Vista parcial da exposição, com o painel dedicado a Eduardo Teixeira Coelho em grande plano, à direita, e ao lado o de José Antunes; também em 1º plano, de costas, o desenhador Baptista Mendes, outro autor com participação nesta mostra (foto do BDBD).

Nova palestra no CPBD sobre “A Lei da Selva” de E.T. Coelho

No próximo sábado, dia 6 de Maio, na sede do Clube Português de Banda Desenhada, realiza-se mais uma palestra do ciclo “A Lei da Selva de Eduardo Teixeira Coelho”, que será igualmente apresentada por Mestre José Ruy, autor do powerpoint que ilustrará essa sessão, com numerosos exemplos da arte magistral de E. T. Coelho.

Aproveitamos a oportunidade para mostrar seguidamente algumas imagens da sessão anterior, realizada em 22 de Abril p.p., que embora pouco concorrida mereceu o interesse e o aplauso de todos os presentes, premiando o mérito da obra e a feliz ideia de José Ruy de homenagear um dos melhores trabalhos de E. T. Coelho para O Mosquito, recentemente reeditado, pela primeira vez, em álbum.

As fotos são de Dâmaso Afonso, activo membro do CPBD, a quem saudamos com amizade, agradecendo novamente a prestimosa colaboração que tem oferecido aos nossos blogues.

22 e 29 de Abril: duas palestras no CPBD sobre “A Lei da Selva” de E.T. Coelho

Na continuidade das iniciativas que tem regularmente organizado na sua nova sede, o Clube Português de Banda Desenhada anuncia mais duas palestras, a realizar nos próximos dias 22 e 29 de Abril, pelas 17h00, e dedicadas, com o precioso apoio de um dos seus mais ilustres consócios, mestre José Ruy, à obra-prima de E.T. Coelho “A Lei da Selva”, publicada em 1948 na mítica revista O Mosquito e reeditada finalmente em livro, há alguns meses, por Manuel Caldas.

À parte o interesse específico do tema — apresentado de forma inédita, a partir da leitura de um excelente estudo de Domingos Isabelinho —, este evento representa um progresso para o CPBD, que está agora equipado com meios técnicos (PowerPoint) que lhe permitem valorizar enormemente as suas sessões. 

O Boletim do Clube Português de Banda Desenhada continua em publicação

O Clube Português de Banda Desenhada (CPBD) acaba de editar o nº 143 do seu Boletim, com data de Fevereiro de 2017, um dos fanzines mais antigos em publicação, não só em Portugal como em toda a Europa, e que pela sua qualidade e longevidade merece ombrear com os melhores.

Neste número, dedicado ao Titã — uma revista de BD dos anos 1950, editada pela Fomento de Publicações em moldes inovadores, mas que não teve o sucesso esperado, devido à forte concorrência do Cavaleiro Andante e do Mundo de Aventuras —, destaca-se um artigo sobre este tema da autoria de Ricardo Leite Pinto, sobrinho do saudoso Roussado Pinto, incontornável pioneiro da “época de ouro” da BD portuguesa, que no Titã exerceu as funções de novelista, argumentista, redactor principal e, a breve trecho, director, depois de ter saído do Mundo de Aventuras e da Agência Portuguesa de Revistas.

No Titã colaboraram também alguns desenhadores portugueses, já nessa época com largo e invejável currículo, como Vítor Péon, José Garcês e José Ruy, devendo-se a Péon e ao seu traço dinâmico a capa do 1º número e a história “Circos em Luta”, cujo herói, criado por Edgar (Roussado Pinto) Caygill, se chamava nem mais nem menos… Titã!

Completa este número um artigo de Carlos Gonçalves sobre a magnífica arte de E.T. Coelho, com uma galeria de trabalhos deste grande desenhador para a revista O Mosquito, que estiveram patentes, até há pouco tempo, numa exposição realizada pelo CPBD na sua nova sede.

As imagens reproduzidas neste post foram extraídas, com a devida vénia, do blogue Sítio dos Fanzines de Banda Desenhada, orientado por Geraldes Lino, cuja consulta recomendamos a todos os interessados por este aliciante tema que o mestre Lino conhece e aborda como ninguém!…

Clássicos Ilustrados – 5

“A Regeneração” (por O. Henry)

Classic Ilustrated - O Henry 475Apresentamos hoje nesta rubrica outro conto do famoso jornalista e escritor norte- -americano O. Henry (1862-1910), que se notabilizou num género que os anglo- -saxónicos designam por short stories, isto é, contos e novelas curtos. De seu verdadeiro nome William Sidney Porter, teve uma carreira atribulada, sujeita a vários fracassos económicos e a problemas com a justiça, quando era caixa de um banco em Austin (Texas), tendo por isso passado algum tempo na prisão, depois de uma rocambolesca fuga para um país da América Central.

Decidido a esconder esse passado do público e sobretudo dos editores, Porter optou pelo pseudónimo que o tornaria célebre, mas a sua carreira continuou marcada pelos problemas pessoais, como a morte da primeira mulher e o divórcio da segunda, que tiveram como consequência a sua acentuada inclinação para afogar as mágoas na bebida.

Apesar de ter produzido uma obra vasta e apreciada pelos leitores de todo o mundo, cuja compilação deu origem a vários volumes de contos, originalmente publicados entre 1904 e 1911, O. Henry morreu pobre e vítima do álcool com que procurou combater as suas depressões.

O. Henry (Jimmy Valentine - Mosquito)

O conto “A Regeneração” (título original A Retrivied Reformation) foi também adaptado à BD pelo artista norte-americano Gary Gianni, num volume da colecção Classics Illustrated (1990), editado pela Berkley/First Publishing e em português pela Abril Jovem.  Lemo-lo pela primeira vez, com outro título, não numa antologia dedicada a O. Henry (pois nesse tempo ainda eram raras em português), mas numa revista juvenil, o saudoso O Mosquito, onde foi publicado entre os nºs 1036 e 1039 (1949), com tradução de Raul Correia e um cabeçalho desenhado por E. T. Coelho.

Para muitos outros jovens, “O Destino de Jimmy Valentine” significou também o primeiro contacto com a obra do famoso escritor norte-americano… embora só mais tarde o soubessem, pois, por lamentável lacuna, o seu nome não figurava no cabeçalho d’O Mosquito (acima reproduzido).

O Henry - a regeneraçao 1 e 2

O' Henry - A regeneração 3 e 4

Regeneração 5

Regeneração 6 e 7

A Regeneração - 8 e 9

Reportagem da Assembleia Geral do CPBD

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No passado sábado, dia 16 de Abril, pelas 16h00, na sede do Clube Português de Banda Desenhada (CPBD), sita na Avenida do Brasil 52A, Reboleira (Amadora), reuniu-se a sua Assembleia Geral, depois de convocatória enviada a todos os associados, a fim de tomar várias deliberações urgentes no âmbito dos processos de obtenção de apoio em curso, junto da Câmara Municipal da Amadora (ratificação das contas de 2013 e 2014, orçamento e plano de actividades de 2016).

Foram também votadas as contas de 2015 e prestada informação ao auditório sobre a recente actividade do Clube, projectos futuros e outras questões de interesse geral. Todas as deliberações seriam aprovadas por unanimidade, com acta assinada pelos presentes.

Durante a sessão, foi distribuído aos sócios o nº 142 (Abril 2016) do Boletim do CPBD, dedicado à primeira de duas exposições marcantes, inauguradas na sua sede em Janeiro último: Os 80 anos d’O MosquitoTributo a Eduardo Teixeira Coelho. Do sumário deste número consta também um artigo de Carlos Bandeira Pinheiro e Jorge Magalhães, com uma extensa e completa quadriculografia (em publicações portuguesas) de E.T. Coelho, o “poeta da linha”, cujas ilustrações (e retratos) se destacam na capa e na contracapa do Boletim.

Divulgamos seguidamente algumas imagens desta Assembleia Geral, captadas por Dâmaso Afonso, presidente da respectiva Mesa (que só por causa disso não aparece nas fotos). Aqui ficam, mais uma vez, os agradecimentos que lhe são devidos pela valiosa colaboração que tem prestado, desde o início, aos nossos blogues.

Entre os sócios presentes, reconhecem-se, nas primeiras filas, António Martinó (outro eficiente repórter, sempre de câmara em punho), José Ruy e Geraldes Lino; e nas últimas, Pedro Bouça, António Amaral, Paulo Duarte (coordenador do Boletim do CPBD), Luís Valadas, Catherine Labey, José Vilela, Carlos Gonçalves e um sujeito de barbas grisalhas que eu vejo todos os dias no espelho…

A Mesa foi ocupada (nas fotos) por Pedro Mota (presidente da Direcção) e Carlos Moreno (secretário da Assembleia Geral). Pedimos desculpa aos sócios não identificados. Fica para a próxima…  

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Quem reparar, ou fizer comentários acerca de tantas cabeças grisalhas, deve lembrar-se de que o Clube Português de Banda Desenhada (CPBD) festeja em 2016 quarenta anos de existência… e alguns dos sócios presentes já o acompanham desde a primeira hora! Honra lhes seja feita, pois, sobretudo aos que, como Carlos Gonçalves e Geraldes Lino, continuam abnegadamente a exercer funções directivas.

Posto isto, queremos também referir as duas exposições, recentemente montadas, que se encontram numa das salas do piso inferior da nova sede e que versam o tema Eça de Queirós e Alexandre Herculano na Banda Desenhada, numa parceria do CPBD com o GICAV. Aqui fica esta breve menção e o anúncio, dado o interesse que elas nos suscitam, de uma reportagem alusiva (neste ou noutros blogues da nossa Loja de Papel), em próxima oportunidade.

Nota: Há algumas horas, recebemos também uma remessa de fotos enviadas pelo segundo “repórter de serviço” na Assembleia Geral do CPBD, o nosso bom amigo e colega da blogosfera, Professor António Martinó (autor do blogue Largo dos Correios), a quem agradecemos a generosa partilha e a colaboração sempre expedita, reservando para um próximo post a publicação das suas imagens.

“Os Doze de Inglaterra” – uma obra-prima de Eduardo Teixeira Coelho – na Bedeteca da Amadora

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O Carnaval do “Diabrete”… há 72 anos!

Em 1944, iniciando uma tradição que se manteve até ao último ano da sua existência, o Diabrete festejou o Carnaval — “a época do sonho”, em que “os meninos e as meninas se mascaram e se julgam transportados, por graça de misteriosa varinha de condão, a um mundo distante e diferente” — com uma feliz iniciativa que iria espalhar a alegria e o alvoroço entre alguns dos seus leitores mais folgazões, residentes de norte a sul do país.

Como estava escrito em letras gordas no rodapé da primeira página do nº 163, dado à estampa em 12/2/1944, a oito dias do início dos festejos carnavalescos, esse número inseria nada mais nada menos do que “6 fatos de máscara”.

Aqui têm, na mesma imagem, o cabeçalho e o rodapé desse número.Diabrete 163 - 1 021

Claro que não se tratava de máscaras completas, como nas lojas, mas sim de “seis lindíssimos figurinos” criados por um exímio desenhador, cujo nome já era bem conhecido da juventude portuguesa, sobretudo daquela que não dispensava a leitura, todas as semanas, do seu “grande camaradão”. Ora o Diabrete enfrentava, nessa época, a larga audiência e a radiosa fama do seu principal concorrente, O Mosquito, onde fazia também brilhante figura outro notável desenhador português: Eduardo Teixeira Coelho.

Mas o facto de ambas competirem no mesmo terreno com todas as “armas” ao seu alcance, não significava que as hostes estivessem divididas, isto é, muitos leitores d’O Mosquito gostavam também de ler o Diabrete, e vice-versa. E o apreço que nutriam pelo talento de E.T. Coelho, então ainda na fase de ilustrador, com um pujante estilo realista que rivalizava com os dos melhores artistas estrangeiros do seu género, equiparava-se ao que sentiam pelos trabalhos de Fernando Bento, cuja pitoresca arte decorativa dava uma alegre vivacidade e uma sofisticação especial a todos os números do Diabrete.

Diabrete 163 - 3

A página que acima reproduzimos, com uma sugestiva ilustração pelo “lápis mágico” de Fernando Bento, abria as “cortinas” de um “palco” onde se exibiam seis maravilhosos e originais trajos de Carnaval (nada fáceis de confeccionar, aliás!), criados pelo traço exuberante e pela pueril fantasia de um desenhador cuja carreira começara precisamente no teatro.

Para tornar a sua “ideia luminosa, espantosa e estonteante” ainda mais irresistível, o Diabrete decidiu promover uma espécie de concurso entre as hábeis mães (ou tias e avós) costureiras, oferecendo aliciantes prémios aos seus leitores mais prendados, isto é, vestidos a preceito e prontos a posar para o fotógrafo. Naquele trágico tempo de guerra, cujos ecos ribombavam ainda além-fronteiras, e de carestia para inúmeras famílias portuguesas, não eram muitos, certamente, os miúdos que podiam dar-se ao luxo de pedir aos pais uma boneca ou uma bola de futebol! Nem sequer de concretizar um sonho ainda mais ambicioso: tomar parte num desfile de máscaras carnavalescas.

Quanto aos vistosos figurinos criados por Fernando Bento (em que os rapazes estavam em supremacia), note-se que foram inspirados nalguns dos personagens que animavam as páginas do Diabrete (menos o Tarzan, que só usava tanga!), com destaque para um dos mais carismáticos: o azougado saloio Zé Quitolas, com o seu trajo típico e o seu “burrico” pela trela, que graças ao versátil traço de Fernando Bento tantas e tão divertidas peripécias proporcionou aos pequenos leitores do “grande camaradão de todos os sábados”.

Diabrete 163 - 4

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