José Saramago pela primeira vez em Banda Desenhada!
Uma obra em que texto e imagens formam uma unidade, conjugando-se numa síntese harmónica entre a criação literária, a narrativa gráfica e o exuberante imaginário colhido num feito real: a longa viagem de um paquiderme, de Lisboa até ao coração da Europa.
Desenhos de João Amaral, autor jovem mas já com 20 anos de carreira, assinalada por marcos como A Voz dos Deuses, Bernardo Santareno ou Cinzas da Revolta, e que comentou assim a génese deste álbum no seu blogue (http://joaocamaral.blogspot.pt):
“O primeiro passo da extraordinária viagem de um elefante à Áustria foi dado nos reais aposentos da corte portuguesa, mais ou menos à hora de ir para a cama. É mais ou menos com estas palavras que o prémio Nobel da literatura José Saramago inicia um dos vários romances que o tornaram célebre, o que quer dizer que essa jornada foi um facto histórico. Houve, de facto, um elefante que foi oferecido pela coroa portuguesa ao arquiduque Maximiliano da Áustria e que fez uma longa viagem de Lisboa a Viena, fazendo o que melhor sabia fazer: caminhar…
O segundo passo, como é óbvio, foi dado pelo próprio Saramago que, ao longo de mais de duzentas e cinquenta páginas, imortaliza este elefante chamado Salomão e o seu cornaca, um indiano conhecido pelo nome de Subhro (que quer dizer branco), num relato fascinante e profundamente irónico sobre alguns aspectos da condição humana.
Esse facto exerceu logo em mim um profundo fascínio pelo livro. Isso, aliado a uma forma de escrever que me colocou de imediato nos locais da acção, fez-me despertar um desejo que já não sentia há algum tempo: o de fazer uma adaptação para banda desenhada.
Todavia, há duas coisas que tenho que confessar: “A Viagem do Elefante” não foi o primeiro livro de Saramago que me fascinou. O primeiro foi o “Ensaio Sobre a Cegueira”. Porém, cedo soube que o realizador Fernando Meirelles o estava a adaptar para o cinema e tirei daí a minha ideia. Quanto a este livro propriamente dito, foi-me apresentado pela minha mulher, que o leu num fôlego e me disse, de imediato, que este era um projecto que me poderia entusiasmar.
Tinha razão, pois li a obra em poucos dias e na minha mente come- çaram logo a fervilhar imagens, ao mesmo tempo que ia ficando cada vez mais maravilhado com as personagens que iam entrando e saindo, conferindo elas próprias notáveis retratos da condição humana.
A partir daí, decidi meter mãos à obra naquela que para mim também se tornou numa longa viagem. O livro, que será o mais longo que fiz até hoje, com cerca de 120 páginas, foi elaborado durante cerca de dois anos e meio, durante os quais contei com o apoio de vários amigos a quem agradeço no livro e que, de uma forma ou de outra, se tornaram parte integrante desta saga. No entanto, aqui quero deixar uma palavra especial a José Saramago, pois sem o seu inegável talento esta aventura nunca teria sido possível, e a Pilar del Rio pelo carinho que dedicou a este projecto, desde a primeira hora em que tomou contacto com ele. Mas melhor do que quaisquer palavras que eu possa dizer, ficam as primeiras imagens de um livro que irá ser colocado à venda durante o mês de Novembro, pela Porto Editora”.
Apraz-nos também registar a entrevista com João Amaral publicada num prestigioso órgão de informação, o Diário de Notícias, de 12 de Novembro p.p. — prova de que esta adaptação do romance de José Saramago está (e vai continuar) a atrair a atenção dos media.