Colecção “Novela Gráfica” – Vol. 1

Contrato com Deus

Já está à venda o 1º volume – Contrato com Deus, de Will Eisner – desta imprescindível colecção, que “explora a dimensão literária da BD em histórias de grande fôlego”, assinadas por alguns dos mais emblemáticos autores “da Banda Desenhada dos quatro cantos do planeta”. Segue-se a sinopse descritiva de Contrato com Deus, publicada no jornal Público de sexta-feira, 20 de Fevereiro de 2015.

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Histórias Fantásticas de Edgar Poe – 3

“O Escaravelho de Ouro”

Contos fantásticos - Diabrete107Depois de Catherine Labey, é a vez de prestarmos de novo homenagem ao prolífico ta- lento de Fernando Bento, aproveitando a temática rela- cionada com Edgar Allan Poe, pois o grande mestre da BD portuguesa que nos presenteou com tantas obras- -primas no Diabrete, no Cavaleiro Andante, no Pajem e noutras publicações juvenis, também recriou a seu modo um dos contos mais célebres de Poe, em que o novelista usou minuciosamente a escrita criptográfica para revelar aos leitores o segredo contido num velho pergaminho e num escaravelho dourado com aspecto de caveira. Lemos esta história pela primeira vez no Diabrete, numa adaptação subordinada ao título Contos Fantásticos, publicada em folhetins destacáveis entre os nºs 474 e 502 do “grande camaradão”… e jamais a esquecemos!

Amargas foram as horas121Como já referimos num post anterior, a obra de Edgar Poe é bem conhecida, não só através dos seus contos, dos seus poemas, das suas narrativas fantásticas, mas também das adaptações que surgiram em vários filmes (os melhores realizados por Roger Corman) e noutras áreas, como a ilustração e a BD; e até em livros de autores que, recriando Poe, se inspiraram igualmente na mais pura fantasia, dando-lhe outra perso- nalidade, outro espírito e outra exis- tência, bem ao jeito dos seus extra- ordinários personagens (Alberto Fortes: Amargas Foram as Horas – As Aventuras do Pirata Edgar Allan Poe, Editorial Teorema, 2001).

Quanto à arte singular e primorosa de Fernando Bento, ela quase que dispensa apresentações, pois espraiou-se por um número incontável de jornais, revistas, livros, compêndios escolares, almanaques, suplementos, num conjunto que surpreende e encanta tanto pela variedade como pela inexcedível fantasia de um traço fluido, irrequieto, versátil e sempre atraente, mesmo quando trai a mão veloz de um desenhador atarefado que raramente falhava os seus prazos.

Capa cavaleiro Andante  382No último período da sua colaboração para o Cavaleiro Andante, Bento adaptou dois grandes mestres da literatura policial, Conan Doyle e Edgar Poe, dando-nos do primeiro, com um traço denso, em que só usou o pincel, algumas singulares versões das melhores aventuras de Sherlock Holmes (mesmo as apócrifas, como A Sociedade dos 13), e de Poe uma fiel inter- pretação do labiríntico enigma des- crito no clássico O Escaravelho de Ouro, já sem o fulgor (dirão alguns) dos seus melhores traba- lhos, mas de traço ainda vigoroso, fluido e expressivo, sublinhando, com o seu apurado jogo de sombras, a atmosfera de mistério, suspense e lúgubre poesia que povoa quase todos os relatos do genial e atormentado escritor norte-americano.

spektro1251Resta-nos imaginar o que a inspirada visão de Fernando Bento e a magia febril do seu traço poderiam ter feito se, em vez de optar por dois clássicos da literatura juvenil, também de fundo policial, como Emílio e os Detectives e Emílio e os Três Gémeos, de Erich Kästner, e por outras obras de célebres escritores como Moby Dick, de Herman Melville, e Scaramouche, de Rafael Sabatini, tivesse dado preferência às fantásticas criações de Edgar Poe, como Os Crimes da Rua Morgue, O Gato Preto, O Poço e o PênduloHop-Frog ou Aventuras de Arthur Gordon Pym.

Mas talvez os responsáveis do Cavaleiro Andante não achassem as musas dilectas de Poe — simbolizadas por um “estranho” corvo vindo das trevas da noite, onde adejavam o mistério, o insólito, o macabro, o tétrico e o sobrenatural — um dos assuntos mais fascinantes e recomendáveis para apresentar aos seus juvenis leitores. Outros tempos, outras mentalidades…

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Escaravelho de Ouro - 2 e 3

Escaravelho de Ouro - 4 e 5

Escaravelho de Ouro - 6 e 7

Escaravelho de Ouro - 8 e 9

Uma colecção a não perder!

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A BD de autor regressa ao “Público”

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      Uma nova colecção a não perder,

com obras e autores de grande qualidade.

Já a partir de 26 de Fevereiro.

O famoso Carnaval do “Diabrete”

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Associando-nos ao Gato Alfarrabista — o blogue mais antigo da nossa Loja de Papel, que cresceu bastante o ano passado —, assinalamos a passagem do Carnaval (que já foi mais trepidante e divertido em tempos idos) com três pitorescas ilustrações evocativas de uma das mais célebres revistas infanto-juvenis portuguesas e de um dos seus melhores colaboradores artísticos — em que mais uma vez se destacam a fértil fantasia, a graça esfuziante, o encanto lúdico e o apurado efeito decorativo da arte gráfica de Fernando Bento, que gostava de partilhar com o público infantil, especialmente nesta data, o espírito burlesco que animou tantas das suas criações, retratando um alegre “corso” carnavalesco  nalgumas capas do Diabrete eternizadas pela magia do seu traço.

Bento . Carnaval 2015

O mote do Entrudo repetiu-se nestas “endiabradas” cenas que fizeram as honras dos nºs 481 e 591, publicados respectivamente em 7/2/1948 e 26/2/1949. Quantos ilustradores infanto-juvenis seriam capazes de parodiar deste modo o Carnaval da gente nova? Para os leitores do “grande camaradão” da juventude portuguesa, a face risonha do Rei Momo e os seus folguedos teriam sempre o cunho da arte inimitável de Fernando Bento.

Ilustrador, pintor, caricaturista, figurinista e cenógrafo, além de publicista, Bento foi um autor versátil, fecundo, multifacetado, que deu vida e esplendor estético a algumas das mais belas páginas publicadas pelo Diabrete, na fase mais criativa e original da sua longa e triunfante carreira.

A arte de figurinista, que aprendeu e desenvolveu em contacto com os palcos do teatro de variedades, ao qual legou memoráveis criações enaltecidas pelos espectadores e pela crítica desse tempo, está patente em mais um tema carnavalesco com que encantou os leitores do Diabrete, convidando-os para um festivo baile de máscaras com os trajes concebidos pela sua fantasia.

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É provável que algumas mães e avós mais habilidosas na arte do corte e costura tenham, a rogo dos seus petizes, experimentado confeccionar, árdua e pacientemente, um ou outro desses modelos, seduzidas também pela beleza artística do traço e dos figurinos de Mestre Fernando Bento, tal como foram estampados na capa do Diabrete nº 793, de 3/2/1951.

Belos tempos em que, ao festejarem o Entrudo, as revistas infanto-juvenis pretendiam também incutir no seu público um certo gosto estético.

 

Os Gatos e o Crime – 3

Ellery signatureLes Ellery 3Prosseguimos gostosamente a publicação desta série, repescada (com alguns aditamentos) dos arquivos de Gatos, Gatinhos e Gatarrões, blogue orientado por Catherine Labey.

Célebre solucionador de enigmas, o próprio Ellery Queen foi, durante muito tempo, um personagem misterioso. Hoje em dia, já não é segredo que sob esse nome emblemático se escondiam Manfred Bennington Lee e Frederic Dannay, dois primos, ambos nova-iorquinos, nascidos em 1905 (Manfred a 11 de Janeiro e Frederic a 20 de Outubro) no bairro de Brooklyn. Trabalhavam juntos em publicidade quando, em 1928, por brincadeira, resolveram participar num concurso de romances policiais.

Theromanhatcover +  Chapéu RomanoThe Roman Hat Mystery (editado em Portugal na Col. Vampiro nº 667 e na Col. Xis nº 22, com o título O Mistério do Chapéu Romano), ganhou o pri- meiro prémio e teve tanto êxito que o editor, depois da sua publicação em 1929, inci- tou-os a continuar a escrever. Os primos aceitaram.

Ellery Queen tinha nascido

O personagem Ellery Queen é filho do inspector Richard Queen, que aparece, aliás, frequentemente no ciclo e a quem foi consagrada uma antologia de contos. Aos vinte anos, 798266-ElleryQueen2so jovem Ellery, um dandy ocioso que lembra um pouco o Philo Vance de S.S. Van Dine, tornou-se narrador das suas próprias aventuras porque, muitas vezes, dá uma mãozinha ao pai, com o seu acutilante espírito de observação e as suas brilhantes capacidades dedutivas, nos casos parti- cularmente difíceis. Antes de revelar a chave do enigma, a narrativa suspende-se para lançar um desafio ao leitor, avisando-o de que já conhece todos os indícios da trama e que deve formular a sua própria solução, antecipando-se a Ellery Queen. Whodunits (Quem o fez?) E Queen - as aventuras de EQ094clássicos e muito engenhosos, os inquéritos de Ellery Queen ganharam rapidamente uma vasta notoriedade. E longe de se contentarem em repetir a fórmula, os primos Lee e Dannay fizeram-na evoluir.

O ciclo Ellery Queen comporta quatro fases. Na primeira, que termina com a antologia As Aventuras de Ellery Queen (publicada no nº 113 da Colecção Xis), todos os romances ostentam a palavra Mystery nos títulos originais, caracte- rizando-se como  inquéritos de enigma clássicos.

A segunda fase, rematada também por uma antologia, engloba cinco títulos, apresentando um esquema narrativo menos rígido, em que o suspense está em nítida progressão.

index3A terceira, muitas vezes designada como fase da maturidade, inicia-se com Calamity Town e, nos seus seis romances e várias novelas, desenrola-se a crónica de Wrightville, pequena povoação que reflecte todos os vícios e defeitos da sociedade norte- -americana dos anos cinquenta.

A quarta e última fase do ciclo inclui vários textos apócrifos — porque, nos anos 60, a célebre dupla, numa autêntica manobra de marketing, decidiu convidar jovens autores, e até autores consagrados, a integrarem a equipa. Cerca de trinta romances saíram do prelo até ao final dos anos 60, escritos por diversos autores utilizando o pseudónimo (house name, em inglês) Ellery Queen, e supervisionados por Manfred B. Lee. Escusado será dizer que a operação rendeu bons dividendos…

Em 1932, pouco depois do nascimento de Ellery Queen, surgiu o seu homólogo Barnaby Ross, autor de outra série de romances ulteriormente reeditados com a assinatura de Ellery Queen. Os dois primos criaram, com esse pseudónimo, o seu segundo grande detective, Drury Lane, um antigo actor shakespeariano que, apesar da sua surdez, consegue deslindar os mais complexos enigmas.

eqmm_de_13 (1)Lee, com o nome de Queen, e Dannay, com o de Ross, ambos de cara tapada, fizeram digressões e debates públicos que, na época, obtiveram grande êxito.

Lee e Dannay fundaram também, em 1941, a revista Ellery Queen Mystery Magazine, que publicou as melhores novelas e contos policiais. Conseguir colaborar nas suas páginas não tardou a significar, para qualquer autor da especialidade, uma espécie de académica consagração. Foi, no seu género, uma revista que fez história, consolidando o prestígio e o renome da “marca”…

Durante largos anos, circulou nas nossas bancas uma edição brasileira deste magazine, lançada em Maio de 1949, que os amantes do género, fidelizados às colecções mais populares, como Vampiro, Xis, Enigma, Mistério & Acção, Grandes Mistérios e Escaravelho de Ouro, coleccionavam também ciosamente. Os mais eruditos preferiam, porém, as edições francesa e americana, que também chegavam regularmente a algumas livrarias.

Entre romances, novelas e antologias, os dois primos escreveram mais de oitenta obras. Em 1961, a dupla Ellery Queen recebeu o Grand Master Award pela excelência na área do romance de mistério policiário, atribuído pelo Mystery Writers of America.

Manfred B. Lee faleceu a 2 de Abril de 1971, e Frederic Dannay a 3 de Setembro de 1982.

Trio Cat opf many tails

Nota: Os dois primos usaram o gato como título de um dos seus romances policiais: Cat of Many Tails (em francês, Griffes de Velours), onde o “tareco” não é o que parece! Curiosamente, em Portugal, este livro foi editado com dois títulos diferentes: “O Enigma do Gato” na Colecção Xis nº 39 e na do Círculo de Leitores; e “O Gato de Muitas Caudas” (fiel ao título original) na Colecção Vampiro nº 469.

Na Colecção Xis, o ilustrador inspirou-se directamente numa das capas da edição americana, como podem ver nestas imagens.

O enigma do GatoXis e Circulo Leitoresl

 

O aniversário de Bécassine

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Uma das mais carismáticas heroínas da BD francesa, apesar da sua provecta idade, acaba de fazer 110 anos! Criada em 1905, por Joseph Pinchon, numa revista acabada também de nascer, La Semaine de Suzette, a simplória Bécassine tornou-se um caso sério de popularidade, apesar da sua modesta condição de filha de campesinos e, mais tarde, serva doméstica. Cerca de 1.500 pranchas publicadas, 26 álbuns, quase a volta ao mundo em várias línguas… um sucesso invejável para uma heroína tão patusca!
LA SEMAINE DE SUZETTE CABEÇALHO 2 FEV 1905 copyO Google veio agora recordar este aniversário da forma mais sugestiva, com outro dos seus originais e atractivos logos (ou doodles), que gostosamente partilhamos no nosso blogue, em memória de uma ilustre centenária que ainda desperta muitas saudades de uma ingénua BD infantil, como a de La Semaine de Suzette, e de uma era menos agitada e complexa, entre duas guerras, que ficou conhecida como La Belle Époque. Aqui têm duas páginas desenhadas por Pinchon, quando a sua heroína ainda gatinhava (extraídas com a devida vénia do blogue Gatos, Gatinhos e Gatarrões).becassine-1-ptbecassine-2-pt

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