Nova colecção da parceria Público/Asa, inédita em português

Uma nova colecção de BD franco-belga, inédita até agora em português, com argumento de Stephen Desberg e desenhos de Bernard Vrancken, que faz o leitor mergulhar no mundo da alta finança, com toda a corrupção que o envolve. Larry B. Max é um super-agente dos assuntos fiscais que tem na sua mira os “paraísos” onde o dinheiro circula livremente e sob as teias da corrupção se ocultam grandes fortunas obtidas por meios ilícitos.

Uma série de enredo original, constituída por nove volumes duplos (cada um deles com uma aventura completa), que estará semanalmente nas bancas, a partir de 28 de Fevereiro. Outro grande lançamento editorial deste ano de 2018 que, para os leitores de Banda Desenhada, promete ser fértil em novidades.

Fanzines de José Pires: “FandClassics”

Com um ritmo imparável, de impressionante regularidade, para quem publica três fanzines mensais — FandClassics, Fandaventuras e Fandwestern —, José Pires continua a editar a magnífica série “Terry e os Piratas”, de Milton Caniff, da qual somente os primeiros episódios eram conhecidos em versões portuguesas, graças ao Mundo de Aventuras (5ª série) e ao jornal Público.

Ou seja, a totalidade da série é agora, pela primeira vez, posta à disposição dos bedéfilos portugueses, em álbuns de formato à italiana, com cerca de 70 páginas cada, impressos em papel de boa gramagem. Uma edição que os fanáticos desta série — e sabemos que são ainda muitos em Portugal — não devem logicamente perder! 

Recordamos, mais uma vez, que esta série teve a sua estreia n’O Mosquito, em 1952, quando já era desenhada por George Wunder, substituto de Milton Caniff, que procurou imitar sem grande sucesso o estilo do seu ilustre mentor (mas diga-se de passagem que o período apresentado n’O Mosquito é um dos mais abonatórios do trabalho de Wunder, que também tem os seus méritos).

Em 1946, Milton Caniff decidiu pôr de lado “Terry e os Piratas” para se dedicar à sua nova série de aviação, com um herói chamado Steve Canyon (baptizado em Portugal com o bizarro nome de Luís Ciclone), que se tornou ainda mais popular do que a primogénita, apesar do seu conteúdo fortemente bélico e apologista da política externa dos Estados Unidos, mormente nas guerras da Coreia e do Vietname.

Quanto a “Terry e os Piratas” prosseguiu a sua carreira, nas mãos de George Wunder, até 1973, tendo transitado, durante breves períodos, por outras revistas portuguesas, como o Titã e o Mundo de Aventuras. Nesta última até mudou de nome, como era hábito nessa época, em que a censura pressionava sem tréguas os editores para nacionalizarem todos os personagens estrangeiros.

E assim “Terry e os Piratas” ficou conhecida, entre os leitores do Mundo de Aventuras (que fez questão de seguir à risca essa norma), pelo título de “Trovão e os Piratas”. Outro nome bizarro (pobre Terry!), embora Trovão Ciclone tenham a mesma raiz “meteorológica”. Uma mania que parecia perseguir os editores do Mundo de Aventuras, se nos lembrarmos também de João Tempestade (Johnny Hazard)!

Os fanzines aqui apresentados são respeitantes aos meses de Dezembro, Janeiro e Fevereiro últimos. Em Março sairá, portanto, o 15º volume desta colecção, que terá 25 fascículos, com todos os episódios da série.

Os pedidos, incluindo os de números atrasados, podem ser feitos directamente ao faneditor, através do e-mail  gussy.pires@sapo.pt

Colecção Torpedo 1936 – vol. 4

Artigo de João Miguel Lameiras reproduzido do jornal Público, edição de 17/02/2018.

Três novas exposições no Clube Português de Banda Desenhada

Foram inauguradas hoje, dia 24 de Fevereiro, três novas exposições do CPBD, sobre temas de interesse geral — a abordagem pela BD de figuras históricas como D. Afonso Henriques e o Infante D. Henrique e o 80º aniversário do mais emblemático herói do século XX —, que estarão patentes na sua sede (Reboleira-Amadora) durante as próximas semanas, mas somente aos sábados, entre as 15h00 e as 18h00. 

Depois do colóquio realizado em 17 de Fevereiro p.p. com o Professor António Martinó, que interessou profundamente a assistência e deixou em aberto a marcação de uma segunda palestra com o mesmo conferencista e o mesmo tema (Reflexões sobre a Linguagem da BD), o CPBD continua a trilhar o seu caminho, num novo ano que se afigura cheio de projectos e de fundadas expectativas de crescimento.

Pela nossa parte, desejamos aos seus directores e colaboradores que todos se concretizem, para bem da Banda Desenhada portuguesa que o CPBD, ao longo de quase 42 anos de existência, tanto ajudou a evoluir.   

In Memoriam: José Manuel Soares

Depois de dezasseis anos num estado quase vegetativo devido a três AVC’s sofridos, faleceu no passado dia 31 de Dezembro mestre José Manuel Soares, tão ilustre pintor como autor de vasta obra pela Banda Desenhada.

Residia na Costa da Caparica e era casado com a distinta pintora Ângela Vimonte. Nasceu em S. Teotónio (concelho de Odemira) a 7 de Setembro de 1932. Tinha uma galeria com exemplos da sua Pintura, em Leiria.
Foi homenageado pela BD, na Sobreda (1986), em Moura (1993) e, em 1996, no 15.º Festival de Banda Desenhada de Lisboa.
Colaborou para muitas publicações juvenis (e não só), como “Diabrete”, “Cavaleiro Andante”, “Pimpão”, “Mundo de Aventuras”, “Fagulha”, “Lusitas”, “O Odemirense”, “Cara Alegre”, “Jornal de Almada”, “Diário do Norte”, “Alentejo Popular”, etc.

Capas para a revista “Cara Alegre” (anos 50)

Capa e ilustração de “Os Quatro Cavaleiros Invencíveis”, Colecção Manecas (Edição Romano Torres)

Capas de “Os Fidalgos da Casa Mourisca”, edição Agência Portuguesa de Revistas

Com vastíssima obra pela 9.ª Arte, muito poucos exemplos estão registados e recuperados em álbum, a saber:
— Em 1985, pela Editorial Futura, um álbum com as narrativas “A Ala dos Namorados” e “De Angola à Contra-costa”, obras publicadas anteriormente na revista “Cavaleiro Andante”.

Capa e prancha de “A Ala dos Namorados”, por Artur Varatojo (texto) e José Manuel Soares (desenhos), Colecção Antologia da BD Portuguesa #15, Editorial Futura (1985).

Pranchas de “De Angola à Contra-costa”, por José Manuel Soares, in Cavaleiro Andante #365 a #382.

— Em 1990, “Luís Vaz de Camões” [texto de Raul Costa], com edição da Câmara Municipal de Odemira.

Capa e prancha de “Luis Vaz de Camões”, por Raul Costa (texto) e José Manuel Soares (desenhos), edição Câmara Municipal de Odemira (1990)

— Em 2000, pelo Grupo Bedéfilo Sobredense (GBS), o n.º 15 de “Cadernos Sobreda-BD”, com as narrativas “O Morcego de Veludo” e “Rasto de Fogo” [o seu único western].

Capa e prancha de “O Morcego de Veludo”, in “Cadernos Sobreda BD” #15,  edição Grupo Bedéfilo Sobredense (2000)

Pranchas de “Rasto de Fogo”, por Raúl Cosme (texto) e José Manuel Soares (desenhos) in “Cadernos Sobreda BD” #15, edição Grupo Bedéfilo Sobredense (2000)

Alguns outros títulos da sua arte como desenhista: “Zeca” [O Cuto português], “O Filho do Leão”, “Giácomo, o Indesejável”, “O Ferido do Bosque”, “Zona Perigosa”, “O Palácio de Cristal”, etc.

Capa e pranchas de “Zeca”, por Raul Oliveira Cosme (texto) e José Manuel Soares (desenhos), in “Mundo de Aventuras” #392 a #403 (1957)

De entre outros, desenhou argumentos de Artur Varatojo e de Raúl Cosme. Pela sua Pintura, foi digna e diversas vezes premiado.

José Manuel Soares pintando no seu ateliê.

Expôs exemplos da sua banda desenhada na Sobreda, Moura, Lisboa, Viseu e Leiria.

José Manuel Soares no salão Moura BD 93, onde foi o Convidado de Honra

Em Agosto de 2014, foi inaugurado em Pinhel o Museu José Manuel Soares, no primeiro andar da Casa da Cultura (antigo Paço Episcopal, edifício datado do Séc. XVIII). Uma justíssima homenagem à memória e à obra do artista, onde se pode apreciar a sua Pintura e as suas histórias em Banda Desenhada.

Inauguração do Museu José Manuel Soares, em Pinhel, em Agosto de 2014

Que mestre José Manuel Soares esteja agora na devida paz eterna! À sua viúva, Ângela Vimonte, apresentamos as mais sinceras condolências.

                                                                                            Luiz Beira/Carlos Rico

(Nota: texto e imagens reproduzidos, com os nossos agradecimentos, do blogue BDBD).

Calendários ilustrados – 2

Aqui está a segunda folha de um belíssimo calendário com pinturas de Mário Costa (1902-1975) sobre assuntos históricos — que, como referimos no post anterior desta rubrica, são o exemplo da aliança, que por vezes dá bons frutos, entre a criação artística e a propaganda comercial. Temos mais cinco para vos apresentar (porque infelizmente faltam-nos alguns meses deste calendário).

Artista multifacetado, Mário Costa distinguiu-se sobretudo como ilustrador em várias publicações periódicas, nomeadamente da imprensa infanto-juvenil, como O Senhor Doutor, o Rim-Tim-Tim, o Pim-Pam-Pum e o Tic-Tac. Com um estilo equilibrado, a preto e branco, fiel a alguns dos cânones estéticos mais modernos da época (mesmo sem ser um artista de vanguarda), deixou uma impressão indelével no espírito de muitos leitores desses títulos emblemáticos.

No que toca à minha experiência pessoal, recordo-me perfeitamente do fascínio que me causaram as ilustrações da novela “O Filho do Faroleiro”, publicadas com a sua assinatura n’O Mosquito, em 1946, e que — como vim a saber mais tarde — eram provenientes d’O Senhor Doutor, onde essa emocionante novela, da autoria de António Feio, surgiu pela, primeira vez, em 1938. Mas é a sua obra noutro domínio que quero agora realçar, oferecendo-vos um dos mais perfeitos exemplos que conheço do seu talento pictórico, aliado a uma inegável paixão pelos temas e pelas figuras mais célebres da nossa História.

Neste caso, trata-se de evocar a memória da Rainha Santa Isabel e da sua intervenção, como mensageira da paz, nas contendas entre o Rei D. Dinis e o seu primogénito, o príncipe herdeiro D. Afonso, impedindo que se travasse uma cruenta batalha, de incerto desfecho, nos campos de Alvalade (corria, agitada para a pátria portuguesa, a Primavera do ano de 1323).

Colecção Torpedo 1936 – vol. 3

Artigo de João Miguel Lameiras, reproduzido do jornal Público, edição de 10/02/2018.

Palestra de António Martinó no CPBD

Em 2018, o Clube Português de Banda Desenhada inclui no seu programa um novo ciclo de palestras subordinadas ao título “Especialistas de Banda Desenhada falam sobre o tema no CPBD”. O primeiro conferencista é o Professor António Martinó de Azevedo Coutinho, que apresentará o tema “Reflexões sobre a Linguagem da BD”, com apoio de “power-point”. Este evento decorrerá na sede do CPBD (Reboleira- -Amadora), com início às 16h00 do próximo sábado, 17 de Fevereiro.

 

Richard Corben – vencedor do Grande Prémio no Festival de Angoulême 2018

 Richard Corben, o mestre do horror

Na véspera da abertura da 45ª edição do festival, o cartoonista americano, de 77 anos, foi recompensado por todo o seu trabalho.

Richard Corben é o quinto americano a vencer o Grande Prémio de Angoulême. Tem sido comum que a ficção científica e a fantasia apareçam pouco no panteão do Festival de Angoulême. A nomeação, na quarta-feira 24 de Janeiro, de Richard Corben para o Grande Prémio, é um evento a saudar pelos leitores de um dos principais géneros dos quadradinhos contemporâneos: o  horror.

Escolhido pelos profissionais do sector, em detrimento do seu compatriota Chris Ware e do francês Emmanuel Guibert, que tinham assumido com ele a liderança na primeira volta da votação, Corben recebeu essa distinção depois dos seus compatriotas Will Eisner (1975), Robert Crumb (1999), Art Spiegelman (2011) e Bill Watterson (2014).

Uma estética única

A sua vitória no Grand Prix de Angoulême celebra um excelente estilista e um mestre do horror, mas também um escrupuloso adaptador de Howard Phillips Lovecraft e Edgar Alan Poe, duas das suas principais influências.

O trabalho de Richard Corben pode ser resumido no elenco e no bestiário que povoam as dezenas de álbuns que publicou em mais de 45 anos de carreira: uma multidão de mutantes, zombies, criaturas dos pântanos, bruxas, ladrões de túmulos, gladiadores, monstros, guerreiros tribais, espectros com jaquetas esfarrapadas, mulheres delirantes, animais diabólicos e bárbaros de todos os tipos.

Pilar das edições Warren Publishing, como colaborador assíduo das revistas de terror Creepy, Eerie e Vampirella, Corben desenvolveu uma estética única que provém tanto da cultura “pulp” quanto da literatura fantástica. O seu trabalho também deve muito a Robert E. Howard, o fundador da fantasia heróica com as aventuras de Conan, o Bárbaro, de que ele desenhou várias histórias.

Nascido em Anderson (Missouri), em 1940, Richard Corben é conhecido desde há muito em França. A revista Actuel foi a primeira a publicá-lo, em 1972. Três anos depois, Métal Hurlant hospedou nas suas páginas a série Den, contando as aventuras erótico-fantásticas de um jovem geek que se transformou num guerreiro culturista.

A sua técnica de aerógrafo — uma arma de pintura em miniatura — grangeou-lhe uma enorme admiração de leitores “adultos” a quem, finalmente, os quadradinhos foram revelados. Corben tornou-se um autor de “culto”, embora sem nunca alcançar uma grande audiência no seu próprio país ou na Europa, apesar de algumas colaborações famosas, como no Hellboy de Mike Mignola.

Permanecendo fiel ao seu universo particular, o residente de Kansas City, a cidade onde recebeu o seu treino artístico, é “o arquétipo do autor independente“, de acordo com Laurent Lerner, fundador da pequena editora francesa Delirium, que tem publicado as suas criações em França, nos últimos anos: “Ele é independente de tudo: do mercado, do marketing, dos média, dos leitores, das editoras… A sua abordagem artística nunca se desviou da direcção que assumiu na início da sua carreira. Tinha altos e baixos, e mesmo grandes momentos de solidão“.

Numa entrevista que concedeu no final de Ragemoor (Delirium, 2014), uma fantástica narrativa feita com o argumentista Jan Strnad, Richard Corben explica por que é que ele, o mestre das cores, optou por um tratamento a preto e branco: “Quando da concepção deste projecto, não sabia se encontraria um lugar na Dark Horse ou noutro editor de grande dimensão. Pensei que teria de apresentá-lo a editores menores, que não podiam dar-se ao luxo de publicá-lo a cores“.

O desenhador também fez um balanço da “longa carreira” e das pesquisas, apesar da sua considerável idade: “Eu sempre adorei as possibilidades oferecidas pelos quadradinhos, como um meio de expressão, para contar as histórias que quero fazer e não apenas aquelas que vendem bem. Ainda tenho objectivos para serem alcançados e, por isso, provavelmente nunca me aposentarei. Continuarei a desenhar quadradinhos até morrer!“.

(Texto extraído, com a devida vénia, do blogue Largo dos Correios)

Nota pessoal (J.M.): A minha grande admiração por este autor americano, muito pouco publicado em Portugal, levou-me a incluí-lo na revista O Mosquito (5ª série), da Editorial Futura, de que fui coordenador, dedicando-lhe a capa do nº 5 (Janeiro 1985) e escolhendo uma das suas melhores histórias a preto e branco, realizada em 1970: “O Crepúsculo dos Cães”, com 10 páginas, também publicada nesse número. Anteriormente, só outro trabalho de Richard Corben fora apresentado aos leitores portugueses, na revista Zakarella nº 8, da Portugal Press, dirigida por Roussado Pinto.

Por ter sido O Mosquito (5ª série) a divulgar de novo Corben, mostrando as suas potencialidades gráficas e narrativas, num registo mais realista, achei que essa edição devia ser recordada por este blogue numa altura em que o Festival de Angoulême lhe prestou também, finalmente, homenagem, como um dos maiores autores ainda vivos da BD norte-americana e com uma obra que o tempo decerto não apagará da memória dos seus inúmeros admiradores.

Aqui ficam, pois, a capa d’O Mosquito nº 5 (5ª série) e a primeira página da referida história de Richard Corben.

Colecção Torpedo 1936 – vol. 2

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