Louro e Simões no “Mundo de Aventuras”

Luís Louro e Tozé Simões são hoje dois nomes incontornáveis da BD portuguesa, formando  uma prestigiada e inseparável dupla, com uma carreira semeada de êxitos que lhes proporcionaram uma aura de autores neoclássicos, sobretudo por causa da sua série fetiche Jim del Monaco, onde a aventura e o exotismo, à maneira dos anos trinta, se revestiram de um humor escatológico, desafiando todas as regras de “bom comportamento” dos heróis e das heroínas da BD portuguesa, até essa data.

A propósito de uma recente entrevista que estes dois autores (hoje com mais de cinquenta anos, mas ainda jovens de espírito) concederam ao Diário de Notícias no passado dia 21 de Agosto — entrevista que o nosso blogue reproduziu na íntegra —, queremos recordar aqui a sua estreia, em 1985, no Mundo de Aventuras, que lhes publicou as primeiras histórias, dedicando-lhes no nº 548, de 1 de Abril desse ano, um artigo assinado por Luiz Beira, onde os dois valorosos principiantes já davam sinais, pela forma como encaravam o seu trabalho, de que não brincavam em serviço, preparando-se diligente- mente, com o zelo de verdadeiros profissionais, para uma carreira a sério na BD. E o êxito não tardou a chegar, pouco tempo depois, com a criação da genial e emblemática série que hoje é unanimemente considerada um clássico, embora este termo, há 30 anos, fosse substituído pelo de vanguardista, como Louro e Simões fazem questão de frisar. Sinal do tempo que passa e do prestígio alcançado por uma das raras séries da BD portuguesa dos últimos decénios que soube conquistar o espaço mítico do imaginário colectivo.

Mas voltando ao Mundo de Aventuras… A revista que os acolheu sem grandes pompas mas lhes proporcionou um auspicioso início de carreira, mostrou-os também, à luz da publicidade, ainda muito jovens (ambos com 19 anos), nesse artigo que gostosamente reproduzimos, assim como a capa de outro número com uma das suas histórias, “Führer”, que deu a Luís Louro a honra de figurar entre os melhores ilustradores do MA.

QuadriculografiaHistórias de Louro e Simões publicadas no Mundo de Aventuras (2ª série): 548 (1 Abril 1985) – “Estupiditia 2” (6 págs.); 556 (1 Agosto 1985) – “Führer” (8 págs.); 565 (15 Dezembro 1985) – “Game Over” (4 págs.).

Em Outubro de 1985, o ano que lhes abriu as portas do êxito, Louro e Simões viram o primeiro episódio de Jim del Monaco publicado no Diário Popular, transitando a série logo de seguida para O Mosquito, da Editorial Futura (nºs 10 e 12, Novembro 1985 e Janeiro 1986), que também lhe dedicou uma colectânea com quatro álbuns, publicando outra história no Almanaque O Mosquito 1987 (Dezembro 1986).

Em cima: duas páginas da história “Estupiditia 2”, publicada no Mundo de Aventuras 548, de 1/4/1985; em baixo: à esquerda, página da história “Führer”, e à direita, página da história “Game Over”, publicadas respectivamente no Mundo de Aventuras nºs 556, de 1/8/1985, e 565, de 15/12/1985.

Entrevista no DN a uma dupla de talento: Luis Louro e Tozé Simões

Entrevista publicada no Diário de Notícias, edição de 21 de Agosto p.p, de onde a reproduzimos com a devida vénia ao seu autor, João Céu e Silva, congratulando-nos com esta merecida homenagem a uma dupla incontornável (e inseparável) da BD portuguesa — que se estreou auspiciosamente no Mundo de Aventuras, em Abril de 1985 — e ao seu herói “fetiche”, Jim del Monaco, com mais de 30 anos de carreira. Parabéns, Louro e Simões!

E também nos congratulamos com a surpresa de ver um grande órgão de informação como o DN dedicar, num só número, tanto espaço à BD. Quantos dos seus colegas o imitarão?

O melhor álbum (humorístico) de 2015

Jim del Monaco 8 A- ASA

Não temos dúvidas em considerar, declarando-o publicamente, que para nós o melhor álbum do ano findo, na categoria de humor, foi o que nos trouxe o regresso dos carismáricos personagens da saga de Jim del Monaco, criada há mais de 30 anos pela talentosa dupla Luís Louro e Tozé Simões — nessa altura ainda muito jovem, mas já impelida pela irresistível vontade de agitar o pacato meio da BD nacional com o efervescente humor dos seus singulares heróis.

Jim del Monaco 8 Foto 970E a aposta foi bem sucedida, graças não só à insofismável energia criativa da inseparável dupla, como à empatia que soube gerar com os leitores logo nos primeiros episó- dios, publicados em páginas de jornais e revistas (com maior destaque n’O Mosquito – 5ª série) e, um pouco mais tarde, em sucessivos álbuns pelas editoras Futura (quatro) e Asa (sete).

Trinta anos volvidos, após terem misteriosamente desaparecido nas profundezas da selva africana onde se desenrolavam as suas aventuras — tão hilariantes quanto fantasistas, denotando um potencial inventivo capaz de fazer inveja a muitas outras séries cómicas —, Jim del Monaco e os seus pitorescos companheiros reapareceram de forma quase inesperada, saudados com júbilo por um punhado de acérrimosJim del Monaco 8 Poster971 admiradores que confiaram sempre no seu regresso, e dispostos a enfrentar um novo ciclo de aventurosas peripécias — reconquistando o seu lugar ao sol num mundo completamente estranho, insólito, dominado por influências corporativas globais e por hábitos, regras, conceitos e tecnologias com que há três décadas ninguém sonhava… mas que para os nossos heróis, fiéis às origens, pouco contam! Simples acidentes de percurso, vulgares fait-divers numa exótica existência que agora recomeça… mais rocambolesca e delirante, como ardentemente desejamos, do que nunca!

Bem-vindo, Jim del Monaco, e que continues a seguir destemidamente os mesmos trilhos que conduzem à aventura, em companhia da Gina (autêntica “bomba” sexual) e do Tião (símbolo do negro ingénuo e fiel, como na BD de outros tempos), armados com o vosso humor escatológico, numa selva de “cartão” como era a de Hollywood, onde vivem outros icónicos heróis, eternamente jovens, porque ali o tempo não existe; e onde os perigos mais incríveis vos espreitam, materializados por alguns nefandos vilões, de histriónica catadura, e por ferozes bandos de animais e outras criaturas ainda mais selvagens, cheias de lúbricas intenções, que pululam na fértil imaginação dos vossos (também sempre jovens) autores.

Tão habituados a seguir as vossas pisadas, imitando-vos em poses fotográficas onde não se nota a patine do tempo, que ainda gostam de fingir que são tão aventureiros como vocês! Como se os autores se pudessem metamorfosear nas personagens que criaram (neste caso, apenas numa… o protagonista da série). Pobres sonhadores!

Jim del Monaco 8 O cemitério dos elefantes e O Macaco de Bili

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