ALBERTO DE SOUSA E O PORTUGAL DESAPARECIDO (1)
Na série de postais que têm preenchido esta rubrica, voltamos hoje a uma temática muito popular: os trajos típicos regionais. Depois de alguns exemplos peculiares, da lavra de artistas bem conhecidos, como Vítor Péon e Alfredo de Morais, fomos buscar uma colecção assinada por outro mestre das artes gráficas e plásticas portuguesas, cujo renome também ultrapassou os umbrais do seu tempo, inscrevendo-se a “letras de ouro” na história da pintura e da ilustração do século XX: Alberto Augusto de Sousa (1880-1961).
Mestre incontestado de um estilo pictórico com raízes profundas no classicismo da forma e na apurada estética da cor, sem a aura romântica dos seus antecessores, foi discípulo de outro conceituado artista, Alfredo Roque Gameiro, com quem aprendeu os rudimentos da técnica de pintura — e teve uma carreira de grande longevidade, assinalada por um notável percurso como ilustrador e autor de obras que fizeram história, nomeadamente a que tem por título O Trajo Popular em Portugal nos Séculos XVI a XIX, em dois volumes, ainda hoje muito apreciada por estudiosos, artistas e coleccionadores… e de grande raridade.
Nesta série de trajos típicos, reproduzidos em postais sem data de publicação, nem indicação de editor, destacam-se a diversidade e o colorido das figuras populares que compõem uma realista panóplia de “retratos de época”, com os seus vistosos e garridos adornos em que se perpetuam usos, costumes e indumentárias que a implacável marcha do progresso fez desaparecer de muitas regiões de Portugal ou transformou numa esmaecida cópia do seu antigo e pitoresco esplendor.
Aqui têm, ilustrando esta breve introdução, os seis primeiros postais da nossa série (provavelmente ainda incompleta), assinados pelo mestre Alberto de Sousa, com trajes do Alentejo, Avintes, Barcelos, Beira Alta e Ovar (os dois últimos).